Levantei-me com os primeiros raios de sol e vesti rapidamente um dos meus vestidos preferidos. Pela porta dos criados, saí sorrateiramente. Se tivesse sorte, conseguiria regressar sem que tivessem dado pela minha falta. Avancei cautelosamente, olhando para todos os lados, até chegar à floresta. Aí, como sempre, acelerei o passo, não só pelo entusiasmo crescente de te ver, mas também porque nesse dia a floresta estava especialmente escura e silenciosa, o que me deixou receosa. Depressa cheguei ao meu destino. À minha frente um grande prado de relva curta e muito verde, despida de qualquer outra vegetação e sem absolutamente ninguém, estendia-se até ao infinito. No local onde me encontrava, não podia avistar nada mais que não fosse aquela imensidão verde e confortável, assegurando que me ias encontrar facilmente. Como sempre, aliás. Procurei um local onde a relva fosse mais fofa e deitei-me, olhando para as nuvens. Estavam escuras - ia chover - mas estavam tão belas, e queria que chegasses rápido para as puderes admirar comigo. Mas tu nunca mais chegavas. O sol ia subindo no horizonte, embora escondido pelas nuvens. O vento ia soprando com mais força. O tempo passava, lento mas inevitável. E tu continuaste sem aparecer.
Nesse dia não vieste. E não vieste em mais dia nenhum.
Todas as manhãs regresso ao prado, aquele que era um dos nossos segredos. Sei que não virás, mas continuo à espera que venhas. E no prado sinto-me bem, como se de alguma forma tu estivesses deitado na relva húmida comigo.